Centro de Interpretação do Bordado de Castelo Branco
Edifício

O Centro de Interpretação do Bordado está instalado no edifício que no passado foi a Casa da Comarca e posteriormente, até finais de 2006, Biblioteca Municipal. O edifício foi objeto de requalificação, tendo em conta as suas novas funções.

Trata-se, como refere M. T. dos Santos, de um "edifício notável pela sua magnífica frontaria, de uma conceção magistral, onde se ostenta, como principal elemento decorativo, uma bem lançada escadaria cujas guardas, de barras de ferro, são apoiadas em graciosos e espaçados balaústres" (Castelo Branco na História e na Arte, 1958, p.143). Segundo o mesmo autor, o edifício data do século XVI e situa-se na Praça de Camões, também conhecida por Praça Velha, que, no passado, foi "centro do burgo até ao séc. XIX".

O edifício acomoda agora oficina do bordado e escola; centro de interpretação dotado de suportes multimédia com informação aturada sobre a contextualização histórica, o desenho e gramática visual do bordado, o ciclo do linho, matérias-primas e técnica; sala de visionamento, área expositiva e espaço de apoio à certificação do bordado.

Segundo o Arquitecto João Teixeira, autor da requalificação agora efectuada, "do edifício dos antigos Paços do concelho e da cadeia pouco resta. O baixo relevo, da esfera armilar embutido na parede, parece ser o elemento mais antigo que resistiu às várias intervenções, nomeadamente em 1686 com a queda do telhado e posteriormente no início do séc. XIX devido ao mau estado de conservação. No entanto, conforme descrito em lápide alusiva colocada na frontaria, a última intervenção data já de 1950. Nesta intervenção, foram abolidas interiormente todas as características arquitectónicas, sendo actualmente o seu interior caracterizado pela espacialidade e acabamentos dos anos cinquenta.

Exteriormente, talvez a escadaria de acesso ao piso superior, terminada com um balcão com balaustrada de pilastras de granito, assente numa arcaria com arcos de volta perfeita suportados por duas colunas cilíndricas, seja o elemento original que melhor se conserva. Contudo, não podemos ter a certeza de estar perante um elemento verdadeiramente original.

Ana Cristina Leite, no seu livro "Castelo Branco" interpreta este elemento do seguinte modo: "Esta escadaria exterior é uma interpretação arquitectónica erudita do modelo das escadarias com avarandados da casa popular beirã; em épocas variadas vê-loemos aplicado em outras construções da cidade, em abono de um certo ruralismo presente na arquitectura de Castelo Branco."

A conclusão a que chegamos é que, nas várias reconstruções ao longo dos anos, houve sempre alterações tanto interiores como exteriores, que procuraram integrar-se na estética e funcionalidade da época, em que se realizaram. No entanto, a presença arquitectónica deste edifício, no espaço urbano em que se integra, marca não só a sua envolvente como a própria cidade. A sua imagem é já um ex-libris de Castelo Branco, independentemente do seu interior, nada ter a ver com o exterior" (Memória Descritiva do Projecto de Requalificação).

Tendo em conta que o estado de conservação, antes da reabilitação, era bastante mau, houve a necessidade de efectuar grandes intervenções, pelo que todo todo o interior e cobertura foram removidos. Contudo, o desenho exterior das fachadas, com todos os seus elementos arquitectónicos foi respeitado.

O novo espaço interior

Nas palavras do Projectista, e como resposta ao programa elaborado pela Câmara Municipal de Castelo "procurou-se, encontrar uma solução espacial, de suporte à dinâmica que um equipamento desta natureza, deve oferecer aos seus utentes.

Assim, o percurso sobre o qual assentam todos os espaços de estar, exposição e interpretação é o elemento funcional estratégico de todo esta espaço arquitectónico. A possibilidade de percorrer e usufruir de forma dinâmica e contínua, todo o edifício, criará uma atractividade própria de um verdadeiro espaço cultural. Este percurso, que se cruza na escadaria de patim comum, terá como seu elemento principal, a "Praça" central de pé-direito duplo e iluminação zenital. Este espaço, com a entrada principal no piso superior, será o coração deste equipamento. Será aqui que poderemos observar as peças de grande dimensão, tanto expostas nas paredes como em grandes vitrines.

O pavimento em calçada polida de calcário e basalto, fará a conexão ideológica ao espaço urbano, ruas e praças, onde o desenho do bordado de Castelo Branco é tantas vezes utilizado. Estaremos numa "verdadeira" praça, como local de encontro e observação, não na cidade, mas no interior de um espaço de cultura. No piso inferior serão localizadas as instalações sanitárias dos visitantes e um espaço destinado à interpretação e divulgação multimédia do bordado. Neste piso é ainda possível aos funcionários acederem ao piso inferior.

No piso superior, será localizada, como final do percurso de visita, a escola oficina do bordado de Castelo Branco, um pequeno espaço de venda de merchandising e de controlo de entradas, a instalação sanitária para deficientes, assim como o espaço de copa e vestiários destinado aos funcionários. Deste espaço será possível o acesso à cobertura (Da Memória Descritiva do Projecto de Requalificação).