Nascido provavelmente no século XVII, só no final do século XIX e transição para o XX, passou a ser designado como Bordado de Castelo Branco, por ter sido aqui que a produção se manteve e adquiriu aspetos muito próprios. Caracterizado pela utilização do ponto a frouxo, o Bordado de Castelo Branco reúne influências da produção têxtil chinesa e indiana, aliadas à tradição das artes decorativas europeias e portuguesa.
Se as primeiras colchas com as características daquilo que hoje chamamos Bordado de Castelo Branco foram de produção nacional, ou seja, executadas em centros produtores situados em grandes cidades, por motivos ainda pouco explícitos, a região de Castelo Branco tornou-se a única produtora destas colchas, atingindo um máximo produtivo nos séculos XVIII e primeira metade do século XIX. Nos finais de oitocentos a produção de Colchas de Castelo Branco era uma produção oficinal extinta, só se mantendo em contexto de produção amadora e doméstica. Todavia, essa situação vai ser profundamente alterada a partir dos anos 40 do século XX, pela ação do Estado e de particulares onde é justo salientar o nome de Elíseo José de Sousa.
Conscientes da importância que os recursos endógenos e suas especificidades representam para a afirmação da identidade dos territórios, tornando-os mais competitivos, a ADRACES - Associação para o Desenvolvimento da Raia Centro Sul, o Museu Francisco Tavares Proença Júnior, o Instituto Politécnico de Castelo Branco e a Câmara Municipal de Castelo Branco, levaram a cabo o projeto "Ex-Libris" - Reconverter/Adaptar/Certificar o Bordado de Castelo Branco, no âmbito da iniciativa comunitária EQUAL, financiada pelo Fundo social Europeu.
O projeto, que decorreu durante os anos de 2005 e 2008, teve como primordial objetivo "garantir a preservação do Bordado de Castelo Branco relativamente à sua genuinidade, autenticidade, qualidade estética e técnica (Aida Rechena, in Colchas de Castelo Branco, p.6),
Neste sentido, a Câmara Municipal de Castelo Branco definiu e está a concretizar um conjunto de iniciativas cujo principal objetivo é a (re)valorização, promoção e posterior certificação do Bordado de Castelo Branco.
Este processo iniciou-se há cerca de quatro anos, com a criação da Oficina-Escola do Bordado de Castelo Branco, uma entidade tutelada pela Câmara Municipal, com o objetivo de garantir a continuidade e qualidade da produção deste Bordado.
Paralelamente, decorreu um conjunto de outras iniciativas, das quais se destaca a exposição itinerante de Colchas de Castelo Branco, dos séculos XVIII e XIX, tendo sido a primeira exposição realizada no Museu de Lisboa, em parceria com a Autarquia lisboeta, entre agosto e outubro de 2015. Esta exposição, passou ainda por Guimarães e mais recentemente em Óbidos.
Simultaneamente, a Câmara Municipal inaugurou em Julho de 2017 o Centro de Interpretação do Bordado de Castelo Branco, um equipamento que será o centro nevrálgico de produção, comercialização, promoção e estudo sobre esta forma de expressão artística, ímpar no nosso País e um dos ex-libris da Cidade e do Concelho, senha identitária do nosso território.
Em 2016, os designers Luís Buchinho e Alexandra Moura, foram convidados a desenhar peças de vestuário com o Bordado de Castelo Branco, as quais foram apresentadas, em julho, no desfile Castelo Branco Moda 2016, e os designers Katty Xiomara o os Storytailors (João Branco e Luís Sanchez que apresentaram as suas criações com Bordado de Castelo Branco, no desfile Castelo Branco Moda 2017, que decorreu em Junho. Foram ainda apresentadas neste desfile, as criações dos três primeiros classificados do Concurso Nacional que lançamos a todos os estudantes de todos os cursos superiores de Design de Moda ministrados nos diferentes estabelecimentos de ensino do País.
Também as alunas de Design de Moda e Têxtil, da Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico de Castelo Branco, apresentaram duas peças em estopa, designadamente uma mochila e mala de mão de senhora com o Bordado de Castelo Branco, tendo sido concebidas no âmbito de um workshop promovido pelo Município, em 2015, com os designers José António Tenente, Nuno Gama e Maria Gambina.
Recentemente registado o Bordado de Castelo Branco como produção tradicional no Registo Nacional de Produções Artesanais Tradicionais Certificadas, decorrem agora, pela ADERE Certifica, os procedimentos conducentes à sua certificação.
Presentemente o Município tem em mãos, um projeto de grande dimensão da arquiteta e artista plástica portuguesa Cristina Rodrigues para a Catedral de Manchester, que deverá ser inaugurado no verão deste ano. Esta será uma obra de cariz permanente composta por sete grandes painéis em bordado de Castelo Branco, em honra à Rainha Isabel II.
Decorre ainda neste momento o 1º concurso na área do design de moda, sobre a aplicação do Bordado de Castelo na moda, no calçado e acessórios, destinado aos alunos do ensino superior da área do Design de Moda e aos diplomados há menos de 6 anos, que tem como objectivos a promoção da aplicação do Bordado na moda, a inovação, entre outros.