Bordado
Elemento patrimonial de relevo da nossa identidade cultural
História
Dos tempos remotos até aos nossos dias
Processo Produtivo
linho, seda, bastidor e tear de franjas
Pontos
Os pontos em imagens
Elemento patrimonial de relevo da nossa identidade cultural
Bordado
De grande valor histórico, com profundos significados simbólicos e um enorme impacto estético e artístico, as Colchas de Castelo Branco marcam o imaginário, a memória e até a paisagem urbana quotidiana dos albicastrenses. O valor simbólico e de identificação colectiva com o Bordado de Castelo Branco é tão forte que utilizamos os motivos das colchas na calçada da cidade, nas paredes dos prédios, nos elementos decorativos de jardins e rotundas, em logótipos e divulgação de marcas comerciais, na decoração de objectos do quotidiano e, inclusive, em vestidos de noiva e de baptizado. Resultado de um longo caminho evolutivo, quer temporal, quer geográfico, o Bordado de Castelo Branco é identificável pela temática decorativa, pela técnica utilizada, pelas matérias primas e pela paleta cromática das sedas.
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Dos tempos remotos até aos nossos dias
História
Nascido provavelmente no século XVII, só no final do século XIX e transição para o XX, passou a ser designado como Bordado de Castelo Branco, por ter sido aqui que a produção se manteve e adquiriu aspetos muito próprios. Caracterizado pela utilização do ponto a frouxo, o Bordado de Castelo Branco reúne influências da produção têxtil chinesa e indiana, aliadas à tradição das artes decorativas europeias e portuguesa. Se as primeiras colchas com as características daquilo que hoje chamamos Bordado de Castelo Branco foram de produção nacional, ou seja, executadas em centros produtores situados em grandes cidades, por motivos ainda pouco explícitos, a região de Castelo Branco tornou-se a única produtora destas colchas, atingindo um máximo produtivo nos séculos XVIII e primeira metade do século XIX. Nos finais de oitocentos a produção de Colchas de Castelo Branco era uma produção oficinal extinta, só se mantendo em contexto de produção amadora e doméstica. Todavia, essa situação vai ser profundamente alterada a partir dos anos 40 do século XX, pela ação do Estado e de particulares onde é justo salientar o nome de Elíseo José de Sousa. Conscientes da importância que os recursos endóg...
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O ciclo vegetativo de linho era secundado por certas práticas de sentido mágico e de proteção. Quando as plantas atingiam o estado de maturação eram arrancadas à mão e ripadas para as libertar das cápsulas com as sementes. As palhas submetiam-se a um processo de curtimenta, mergulhando-as alguns dias na água de ribeiros e, em dias quentes de Verão ou Outono, eram fracturadas com a maça e passadas pela tasca. A eliminação da parte lenhosa e seleção das fibras obtinha-se através do cortiço e da espadana e do sedeiro.

A operação da urdidura consiste em organizar os fios longitudinais da teia dispondo-os em duas séries paralelas entre si e do mesmo comprimento, e em maior ou menor número conforme a natureza e a largura do tecido a produzir no tear.

A primeira referência ao tear de pedais na Europa é do século XII.

Neste tear, todos os fios da urdidura são emalhados, cada série em seu correspondente liço, e a abertura do passo para a passagem da trama é dado pelo movimento ascendente ou descendente desses liços.

O pente mantém a regularidade dos fios da urdidura e bate e aperta a trama após cada passagem.

A Seda

A china e a India foram durante milénios as grandes regiões produtoras deste famoso textil. As rotas da seda representaram um dos factores mais significaivos de expansão e encontros civilizacionais. Em portugal, a indutsria da seda nunca alcançou grande projecção económica. No entanto a sericultura foi praticada ao nível doméstico e tradicional, em Trás-os-montes e na Charneca Beiroa, segundo modelos de economia familiar específicos, regidos por uma lógica própria.

Criação do bicho da seda

De meados de Março em diante, os bichos da seda podem começar a nascer. Quando se dá a eclosão, as minúsculas larvas são colocadas em tabuleiros de tender o pão.

Preparação dos casulos e fiação

Os casulos são limpos à mão e lançados num caldeirão de água a ferver. De seguida, tem lugar a operação de fiação, usando-se um ramo de carqueija para captar os fios de seda e um argadilho, no qual se vão enrolar os fios.

O comprimento do fio de cada casulo chega a atingir milimetros. Para a tecelagem o fio é mais grosso; para o bordado é mais fino. A meada de seda é posta a secar ao ar livre.

Branqueamento das meadas

Para que a seda perca um certa rigidez, a meada é metida numa panela com água a ferver, juntamente com uma quantidade de sabão equivalente ao peso. Liberta da goma, é então corada ao sol.

Tecelagem

Hoje, toda a produção é aplicada na tecelagem, especialmente em toalhas de linho. A meada é dobada em novelos e, quando se procede à urdidura da teia de linho, intercalam-se os fios de seda.

Panos de linho bordados a seda

Tradicionalmente a seda era usada nos bordados das colchas desta região, nos panos de esquife, que ocultavam o morto que ia a enterrar e, nos entremeios de panos e leçóis de linho.

No Bordado de Castelo Branco utiliza-se o bastidor horizontal, com uma estrutura muito simples, composto por duas ripas perfuradas que encaixam noutras duas, nas quais se vai enrolar o linho a bordar. Por sua vez, as ripas vão encaixar no topo de dois “pés” que são estabilizados por uma ripa colocada entre eles rente ao chão.

No topo dos pés existe um elemento a que as bordadoras chamam “cavilha”, que permite mudar a posição do trabalho. Após desenhar na tela os motivos pretendidos segue-se a fase de montagem da tela no bastidor para poder ser bordada.

De estrutura muito simples, é composto por três elementos: uma caixa com medidas aproxi- madas de 10x30 cm onde, no topo, se encaixa uma tábua com cerca de 28 cm de altura com orifícios equidistantes a meio e entre cada orifí- cio duas ranhuras; no outro extremo da caixa está um pequeno órgão com manivela e um ori- fício, que serve para introduzir a cavilha e tran- car o mesmo.